
Feira de Santana: A Princesa do Sertão Pronta para se Tornar a Princesa do Cinema Nacional
O Cenário Atual do Audiovisual Brasileiro e o Potencial Inexplorado de Feira de Santana
O audiovisual brasileiro vive um momento de expansão sem precedentes. Em 2024, o país alcançou o recorde histórico de 3.509 salas de cinema em operação, superando inclusive o número pré-pandemia de 2019 . O Ministério da Cultura e a Ancine investiram R$ 2,6 bilhões em fomento para mais de 600 produtoras, que devem lançar 1.100 filmes e séries nos próximos anos . Paralelamente, a captação de recursos privados para o cinema nacional já alcança a impressionante marca de R$ 700 milhões, concentrados principalmente nas grandes produções.
Enquanto cidades como Rio de Janeiro, São Paulo e João Pessoa já destinam de 3% a 7% de seus PIBs para o setor cinematográfico, Feira de Santana – a “Princesa do Sertão” baiana – permanece como um diamante bruto no cenário audiovisual nacional. Com seus 191 anos de história, infraestrutura urbana completa e um vibrante cenário cultural que inclui a famosa Micareta (que movimenta R$ 80 a R$ 100 milhões em apenas 5 dias), a cidade possui todos os ingredientes para se transformar em um polo cinematográfico do Norte-Nordeste.
As Cidades que Lideram a Produção Cinematográfica no Brasil
Dados da Ancine revelam que a produção cinematográfica no Brasil está concentrada em alguns polos tradicionais:
– Rio de Janeiro: Sede das maiores produtoras e beneficiária de incentivos estaduais, responde por cerca de 35% das produções nacionais
– São Paulo: Com seu parque tecnológico e diversidade de locações, abriga aproximadamente 30% das filmagens
– Minas Gerais: Destaca-se pela interiorização, com cidades como Belo Horizonte e Ouro Preto atraindo produções históricas
– Pernambuco: O estado vem se consolidando como referência em cinema autoral e produções de baixo orçamento
– Rio Grande do Sul: Com destaque para Porto Alegre, tem atraído produções que buscam paisagens naturais diversificadas
Apesar dessa concentração, o Ministério da Cultura tem incentivado a descentralização do audiovisual, com linhas de crédito do Fundo Setorial do Audiovisual (FSA) que permitiram a abertura de salas de cinema em 22 cidades do interior, 14 das quais estavam sem nenhuma sala em funcionamento .
O Caso de Feira de Santana: Potencial e Oportunidades Perdidas
Feira de Santana já demonstrou seu potencial para sediar grandes produções, mas esbarrou em questões burocráticas. Dois projetos cinematográficos de grande porte – “Carro Forte – O Sequestro” (Quincaju Filmes) e “Novo Cangaço – O Cerco” – chegaram a considerar a cidade como locação, mas foram realizados em outras localidades devido a falhas na comunicação com a prefeitura.
A cidade oferece vantagens competitivas notáveis:
1. Infraestrutura urbana diversificada: Ruas bem planejadas, iluminação pública eficiente, parques, praças, rios e um mix arquitetônico que vai de prédios históricos a construções modernas
2. Segurança pública: Dados apontam melhoria nos índices de segurança, fator crucial para produções cinematográficas
3. Vida noturna vibrante: Bares, clubes e butecos que podem servir tanto como locações quanto como infraestrutura de apoio para equipes de filmagem
4. Potencial econômico: Comprovado pela capacidade de movimentar até R$ 100 milhões em apenas cinco dias durante a Micareta
5. Diversidade cultural: Rica tradição folclórica e musical que pode inspirar narrativas autênticas
Estratégias para Transformar Feira de Santana em um Polo Cinematográfico
Para aproveitar o momento favorável do audiovisual brasileiro – que projetou crescimento de 5% até 2025 – Feira de Santana precisa adotar medidas estratégicas:
1. Criação de um escritório de filmagens municipal: Simplificando o processo de autorizações e oferecendo suporte logístico às produções
2. Incentivos fiscais locais: Seguindo o exemplo da Lei do Audiovisual, que foi prorrogada até 2029
3. Parcerias com produtoras baianas e nacionais: Para posicionar a cidade como destino preferencial para filmagens no Nordeste
4. Capacitação profissional: Cursos técnicos em audiovisual para formar mão de obra local qualificada
5. Promoção ativa das locações: Criando um catálogo de potenciais cenários urbanos e naturais da cidade
O sucesso de filmes brasileiros como “Ainda Estou Aqui” – que conquistou o Globo de Ouro e colocou o cinema nacional em evidência internacional – demonstra que há espaço e demanda por produções de qualidade. Feira de Santana, com sua riqueza cultural e infraestrutura, pode ser o berço da próxima grande produção cinematográfica brasileira.
Conclusão: O Momento é Agora
Com o audiovisual brasileiro em ascensão – incluindo o fato de o Brasil ser o país homenageado no Marché du Film 2025 em Cannes – e políticas públicas que incentivam a descentralização da produção, Feira de Santana tem uma janela de oportunidade única para se consolidar como um polo cinematográfico.
A cidade já possui o capital cultural, a infraestrutura urbana e o dinamismo econômico necessários. Agora, precisa de vontade política e visão estratégica para transformar seu potencial em realidade, atraindo investimentos que podem diversificar sua economia e projetar sua imagem em telas de todo o país e, quem sabe, do mundo.
Como demonstram os R$ 700 milhões já captados pelo cinema nacional junto à iniciativa privada, o audiovisual não é apenas cultura – é também um vetor poderoso de desenvolvimento econômico. Feira de Santana, a Princesa do Sertão, está mais do que pronta para se tornar também a Princesa do Cinema Nacional.
Rodrigo Hunter 71996046061 [email protected] https://www.instagram.com/rodrigohunteroficial
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