Legislação brasileira não reconhece adeptos do poliamor como entidade familiar. A lei não reconhece os ‘trisais’, mas também não proíbe.
A influenciadora Lary Ingrid, de 27 anos, que mantém um relacionamento com dois homens em Fortaleza, tem o desejo de formalizar o casamento com os companheiros, mas não consegue por falta de legislação sobre poligamia. Apesar de existir alguns casos de trisais espalhados pelo país, não há na legislação brasileira, lei ou norma, que contemple esse tipo de união.
Lary tem uma relação estável de quase oito anos com Ítalo Silva, de 25 anos. João Victor, de 18, passou a compor o trisal mais recentemente. Os três moram no Bairro Jangurussu, na capital cearense. Em entrevista ao programa Se Liga, da TV Verdes Mares, ela contou que história dos três começou a partir de uma proposta feita por Ítalo para Larissa abrir o relacionamento do casal junto há oito anos.
Cearense vive com dois maridos e tenta união estável com ambos
O Supremo Tribunal Federal e o Superior Tribunal de Justiça, contudo, não reconhecem o poliamor como entidade familiar.
a advogada Ana Paula Rocha, da Comissão da Mulher Advogada da OAB Ceará, explicou que o relacionamento a três não é contemplado como família pela Constituição Federal.
“O casamento, a união estável, só pode existir entre dois, e não entre três, quatro ou mais, o que chamamos de poligamia. A poligamia não é uma relação de família e contraria o conceito da monogamia, aquela relação entre duas pessoas que forma uma união estável ou casamento”, contou a advogada.
Ela também explica que, em âmbito nacional, vários casos de união estável foram atendidos e já foram oficialmente registrados.
“Porém, é ainda um fato visto como novidade no Brasil, é um tema novo e que ainda está sendo debatido pela jurisprudência do país. A lei ainda não permite, mas também não proíbe, e assim temos um vácuo que gera essa dúvida”, pontuou.
Harmonia na casa, mesmo sem papel passado

Larissa com os companheiros Ítalo Silva (à esquerda) e João Victor (à direita).
Entre as vantagens de conviver com dois companheiros, Larissa brinca ao dizer que são duas pessoas para lavar as louças e arrumar a casa para ela, além de melhoria na saúde mental. “Não tenho mais depressão, não tenho mais tempo para ter depressão. São maridos.”
“Este bonito [Ítalo] quis abrir o relacionamento porque estava de olho nas meninas e eu achei que era para a gente se divertir. Tipo, vamos para uma festa, se interessamos por alguém e vamos ficar com alguém lá. Mas não, descobri que é porque ele já estava de olho nas meninas da academia”, relembrou Larissa.

Larissa beijando Ítalo, com quem está junta há 8 anos, e João Victor, que chegou há um ano no relacionamento.
Após aceitar a proposta do companheiro, Larissa se envolveu com o João Victor e assumiu a relação com os dois homens.
“Eu já conhecia o João desde criança, ele sempre morou vizinho a minha mãe, mas foi embora e eu era muito colega da mãe dele. Quando ele voltou, esse bonito inventou de vim me beijar, aí eu fui e beijei e nós estamos tudo aqui hoje. Foi maior que nós”, falou Larissa.
Terceiro marido, sim; outra mulher, jamais

Uma das vantagens de ter dois maridos é ter mais pessoas fazendo as tarefas domésticas, explica Larissa
Mesmo com a harmonia, Larissa assume que já foi traída pelos dois homens e não aceita que eles tragam outras mulheres para a relação, mas um terceiro homem seria bem-vindo ao relacionamento.
“Eles não [de ter outras pessoas], corre o risco de vir outra pessoa para cá”, disse a mulher, em tom de brincadeira.
Com mais de 600 mil seguidores nas redes sociais, ela compartilha diariamente com o público a vida da família e vídeos cantando.
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