Vinte e seis crateras gigantescas avançam sobre a cidade. Algumas chegam a medir 600 metros de extensão e 70 de profundidade. São tão grandes que atingiram o grau de voçoroca, quando fendas desse tipo alcançam o lençol freático.
O Ministério de Integração e Desenvolvimento Regional reconheceu a situação de calamidade pública de uma cidade maranhense que está correndo o risco de desaparecer por causa de um fenômeno geológico.
O tempo muda e a preocupação de seu Carlos vai para as alturas.
“Ninguém dorme de noite aqui. É a noite todinha acordado, escutando só o barranco cair”, conta o zelador Carlos Martins.
Ele mora em Buriticupu, no interior do Maranhão, onde 26 crateras gigantescas avançam sobre a cidade – algumas chegam a medir 600 metros de extensão e 70 metros de profundidade. São tão grandes que atingiram o grau de voçoroca, quando fendas desse tipo alcançam o lençol freático.
Voçoroca é uma palavra de origem tupi-guarani, que significa terra rasgada, e é isso mesmo o que acontece no local: durante o período chuvoso, que vai de janeiro a junho, a enxurrada rasga o solo, abre fendas. Se nada é feito para conter o processo erosivo, vão se formando crateras que avançam rapidamente e atingem dimensões gigantescas.
O geólogo Clodoaldo Nunes estuda voçorocas há mais de 40 anos e acompanha a situação em Buriticupu.
“A situação é tão grave que eu não sei se não é mais fácil você realocar a cidade do que combater essas voçorocas”, afirma.
A cada ano, os buracos avançam, em média, cinco metros; ameaçam bairros inteiros.
“Era uma vila, uma vila grande aqui. Aqui tinha mais de 300 casas. Aí começou a cair, aí já tá indo para acolá e o povo só se mudando”, diz o eletricista João Batista Andrade.
Mais de 50 casas já foram engolidas pelas voçorocas em Buriticupu. Cerca de 180 famílias correm o risco de perder suas casas.
“Nós temos cobrado, nós temos oficializado pedidos de providências, mas, até agora, nós não temos uma resposta ainda”, conta o professor Isaías Neres.
A combinação de chuva e voçoroca já matou cinco pessoas. O filho de dona Maria foi a última vítima, ele foi arrastado pela enxurrada e lançado em uma cratera.

Cratera ameaça casa; vários moradores já perderam seus imóveis
As chuvas dos últimos dias agravaram o problema. O município decretou situação de calamidade pública, técnicos da Defesa Civil nacional e estadual estiveram no local.
“Esse procedimento tem que ser adotado, porque o município não tem mais capacidade de resolver este desastre sem o apoio, tanto do governo do estado quanto do governo federal”, afirma o comandante do Corpo de Bombeiros de Maranhão, coronel Célio Roberto.
“Minha casa é aquela que fica ali, aquela de barro, em frente ao buraco. É uma assombração à noite aqui, quando está chovendo. A gente não dorme, a gente fica em pânico”, conta moradora, mostrando onde mora.
Mais Notícias
Dono de barbearias preso em operação policial diz que fatura R$ 500 mil por mês em negócio que começou com corte de cabelo a R$ 10
Erick Berkai Fernandes se autodenominava o ''maior treinador de barbeiros comerciais do Brasil''. Nas redes sociais, ele tinha vídeos com...
Empresário que agrediu blogueira em Teresina já respondia a processo por bater na própria tia
Na decisão, o juiz proibiu Luís José de Moura Neto de se aproximar de Pâmela Xavier, da ex-namorada e outras...
O que se sabe sobre o caso de empresário que pagava mesada a mães para estuprar crianças no RS
Empresário Jelson Silva da Rosa, de 41 anos, foi preso em Imbé em 27 de abril. Homem é suspeito de...
O que se sabe sobre o caso de empresário que pagava mesada a mães para estuprar crianças no RS
Empresário Jelson Silva da Rosa, de 41 anos, foi preso em Imbé em 27 de abril. Homem é suspeito de...
Internada em UTI de SP à espera de coração, menina de 10 anos cria campanha para incentivar doação de órgãos
Lavínia Machado tem miocardiopatia hipertrófica e está internada há quase 60 dias em um hospital de São Paulo. Pela internet,...
Adolescente grava próprio estupro e expõe esquema de exploração sexual de menores comandado por alemão no Amazonas
Segundo as investigações, Wolfgang Brog usava os rios para transportar as vítimas até uma pousada no meio da floresta, onde...
Average Rating